Guitarra Galega

Isabel Rei

Depoimento no 10º aniversário da revista Glosas

O Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, MPMP, e a sua revista Glosas fazem neste ano 2020 o décimo aniversário. Como colaboradora tive ocasião de enviar-lhes um depoimento sobre o que significa para mim esta revista informadora da atividade musical portuguesa:

10 depoimentos X 10 anos (IV)

 MPMP 10 anos
 
 23/05/2020
 
 opinião
 

Isabel Rei Samartim
guitarrista e professora

Nem sempre é fácil comprar livros e informação em português a partir da Galiza. Como professora galega, a morar em Compostela, a aventura da aquisição de cultura portuguesa é uma fonte inesgotável de anedotas. Por isso, a Glosas tem sido para mim uma janela aberta à música portuguesa de enorme valor, pois nem sempre é fácil, mesmo na era da internet, termos conhecimento da nossa história comum atlântica.

De ótima edição, a Glosas chegou-me sempre no momento certo e cheia de maravilhas que não teria conhecido por outros meios. Para mim são fundamentais os trabalhos históricos sobre músicos portugueses, desde Dom Dinis até Carlos Franco, passando por Frederico de Freitas e Fernando Lopes-Graça. A Glosas oferece com a passagem do tempo uma constelação de compositores que na Galiza precisamos de conhecer mais, como Frei Manuel Cardoso, Gaspar Fernandes, Carlos Seixas, Marcos Portugal, Vianna da Motta, António Fragoso, Francisco Eduardo da Costa, César Guerra-Peixe, Ricardo Ramalho, Fernando Corrêa de Oliveira, Gabriel Morais de Sousa, Alfredo Keil, Joly Braga Santos, António Victorino d’Almeida, Cândido Lima…

Assim como João Domingos Bomtempo travou relações, em Paris, com o editor e guitarrista de possível procedência galega Salvador Castro de Gistau, as relações galegas e portuguesas, outrora normais, deveriam encher e complementar a nossa cultura comum. Sem elas, a vida é incompleta.

Gostei especialmente dos números dedicados às mulheres músicas, como o tributado à Clotilde Rosa, que veio acompanhado de um antigo número da revista Arte Musical com trabalhos sobre a cantora Angelica Catalani e os concertos em Vila Franca de Xira, que também me levaram às pesquisas sobre Agostinho Rebel Fernandes, guitarrista que depois publicaria dois métodos de guitarra em Lisboa. Os nomes e trabalhos de Constança Capdeville, Elisa Lamas, Valdilice de Carvalho, Carla Caramujo, Maria João Serrão, Madalena Moreira de Sá e Costa, Guilhermina Suggia, Maria Ana Josefa, Nella Maissa, Sofia Lourenço, são do maior interesse e precisamos ainda de mais informação sobre estas e outras mulheres cuja dedicação à arte musical foi, tem sido, e é, centro das suas vidas.

Adorei também as entrevistas ao João Paulo Santos sobre a criação de música portuguesa e a realizada à orquestra Divino Sospiro, especializada na música do século XVIII. As informações sobre música brasileira: a umbanda, Régis Duprat, Gilberto Mendes, as irmandades em Minas Gerais, José Siqueira, as viagens ao Brasil. As recensões dos ensaios do Louis Saguer sobre a defesa da música portuguesa, o estudo da correspondência entre Lopes-Graça e Eugénio de Andrade, o artigo sobre a relação entre Lopes-Graça e Guerra-Peixe, sobre Saramago e a música…

São um farol orientativo as secções de discografia. E aliciantes as descobertas na Biblioteca Nacional, as pérolas da música antiga em Portugal e o laboratório de iconografia musical. Para mim foram também importantes, e deviam aumentar, as informações sobre guitarra ou viola, como o artigo de Manuel Morais sobre Emilio Pujol na sua etapa lisbonense e as notas sobre a tiorba de Matheus Buchenberg.

O que realizou ainda a Glosas nestes anos foi entrar em contato com autores e autoras galegas e abrir espaço para as suas colaborações. Eu própria tive a honra de apresentar o disco gravado com a música para viola da Madeira e adorei ler o artigo do meu colega José Luís do Pico Orjais sobre o seu estudo da música de autores portugueses em Pontevedra. Explorar as relações galego-portuguesas na música, fora do conhecido âmbito medieval, é do maior interesse.

Por palavras do António Pinho Vargas, publicadas no número da Glosas dedicado à sua obra, “não tenho nenhum interesse em discutir nenhuma questão estilística, técnica ou mesmo estética”. Com efeito, não é essa a questão, mas o conhecimento e divulgação da música portuguesa, empresa para a qual, felizmente, nasceu o MPMP. Longa vida à Glosas!

http://glosas.mpmp.pt/10anos-iv/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Textos publicados na rede

MUNDO CLÁSICO 

https://www.mundoclasico.com/Autores/Autor/638/Isabel-Rei-Samartim

 

PORTAL GALEGO DA LÍNGUA

https://pgl.gal/author/Isabel_Rei/

https://pglingua.org/component/opinion/?func=listado&catid=3&autor=85

 

PRAZA PÚBLICA

https://praza.gal/xornalista/isabel-rei

  

NOVAS DA GALIZA

http://novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz150.pdf p. 27

NdG - SUBSEÇÃO "A REVISTA"

http://novas.gal/hemeroteca/#a_revista Números 65-79

 

BLOG A VIAGEM DOS ARGONAUTAS 

https://aviagemdosargonautas.net/tag/isabel-rei/

 

#Coronavídeo8 Alvorada e moinheira para guitarra do fundo Valladares

Feliz 25 de abril!

Para celebrarmos o #25deabrilsempre. A chamada de manhã fazia-se antigamente ao convocar as pessoas para algum trabalho coletivo. O nosso trabalho coletivo hoje pode ser passar um dia de confinamento na consciência da nossa cultura que quebra fronteiras estatais e mentais.
A família Valladares entesourou um fundo de partituras e instrumentos musicais desde os finais do s. XVIII e ao longo do XIX. Perto de 700 obras para diferentes instrumentos, das quais 130 são para guitarra/viola/violão. Esta alvorada e a moinheira, que parecem estar copiadas nas primeiras décadas do XIX, representam uma parte do conjunto histórico de música galega para guitarra. A alvorada é uma melodia própria das manhãs, que serve para convocar as pessoas através do seu crescendo e diminuendo por graus conjuntos e adornos. A moinheira em 6/8 é atualmente a dança popular galega mais difundida. Sarasate empregaria uma versão desta moinheira no seu tema com variações intitulado "Muñeira" (op. 32) para violino e orquestra.
 

 

#Coronavídeo7 Un sospiro [Um suspiro] de Canuto Berea Rodríguez. Arr.: L. E. Santos Sequeiros

O guitarrista e médico de Cangas Luis Eugenio Santos Sequeiros (1909-2013) arranjou para guitarra a magnífica canção, original para voz e piano, de Canuto Berea Rodríguez (1836-1891) intitulada Un sospiro [Um suspiro]. Franz Liszt compunha pela metade do s. XIX também Un sospiro para piano.
 
 

 

 

#Coronavídeo6 Trémolo a Conchita de Luis Eugenio Santos Sequeiros

Luis Eugenio Santos Sequeiros (1909-2013) foi um médico canguês, nascido na Póvoa do Caraminhal, guitarrista amador de grande beleza compositiva e arranjador de canções galegas para guitarra. Ensinou música aos seus filhos e filhas, e organizou um grupo de plectro em Cangas ativo nas últimas décadas do s. XX. Este lindo trémolo está dedicado à sua filha Conchita.

  

 

 

#Coronavídeo5 Prelúdio n.º5 de Ramón Gutiérrez Parada (1874-1945)

Dedicado ao guitarrista Alfredo López Fernández, possivelmente de Vigo, a partitura do Prelúdio está assinada pelo autor em Ourense, em 15 de agosto de 1934. A partitura achou-se na pasta da guitarra de Alfredo López, que se conserva no arquivo pessoal do pianista Alejo Amoedo (Vigo).

 

 

 

  1. #Coronavídeo4 Fantasia sobre o Alalá das Marinhas de Manuel H. Iglesias

Página 15 de 29

  • 10
  • 11
  • 12
  • 13
  • 14
  • 15
  • 16
  • 17
  • 18
  • 19
  • Isabel Rei Samartim
  • Isabel Rei Samartim
  • Áudios
  • Vídeos
  • Publicações
  • Notícias
  • Discos
  • Biodados
  • Fotos
  • Imprensa
  • ORCID
  • Programas
  • Galiza
  • Textos
  • Contato/Web
  • Disco Madeira
  • Guitarra galega. Breve história da viola (violão) na GalizaGuitarra galega. Breve história da viola (violão) na Galiza

Voltar ao Topo

© 2022 Guitarra Galega