Isabel Rei
Soidade para guitarra por Avelina Valladares (1825-1902)
Avelina Valladares Núñez, nada no lugar de Vilancosta, na freguesia de Berres, no concelho da Estrada em 1825 e falecida no mesmo lugar, a Casa Grande de Vilancosta em 1902, foi uma mulher galega nascida em família fidalga que não abandonou as terras e sempre manteve uma relação fraternal com as lavradoras e lavradores que as trabalhavam. Dentro do seu cristianismo, Avelina sempre foi uma destacada ativista dos direitos humanos e firme defensora da justiça para as gentes galegas, em especial, para as da sua comarca, a Ulha.
Avelina Valladares cultivou a literatura e a música de modo humilde, quase sem publicar as suas criações que no entanto foram notáveis. As primeiras notícias de Avelina chegam da mão do seu irmão Marcial Valladares (1821-1903), também escritor, músico e intelectual, nas Memórias de Família que, como é costume na família, deixa sem publicar. Antes conhecida como poeta e escritora, a obra literária de Avelina foi publicada em 2000 por Xosé Luna Sanmartín, mais tarde a obra para guitarra seria publicada em 2010 por José Luís do Pico Orjais e Isabel Rei Samartim, e finalmente em 2018 mais uma publicação póstuma do seu familiar Carlos Ferreirós Espinosa. Também em 2020 Avelina é de novo estudada na obra A guitarra na Galiza, tese de doutoramento apresentada na USC.
Esta é a primeira gravação em vídeo de Soidade, a obra para guitarra escrita por uma mulher música galega no século XIX. A Soidade de Avelina é uma solidão digna, escolhida, de mulher que escolhe o seu futuro sem deixar-se vencer pelas convenções sociais. É o símbolo duma fidalguia galega que não renuncia à terra nem às gentes, e também o destino duma mulher que sabe defender a sua herança cultural e social.
Entrevista no portal Galiza Livre
Uma das reflexões que me acompanharam durante os três anos de redação da tese foi ver que todas as experiências que eu tinha a respeito da sociedade, da política e do Ser galego vieram não somente a iluminar alguns aspetos, mas a explicar de modo exato os documentos guitarrísticos que íam aparecendo nas pesquisas. Assim, percebi que a história da guitarra não era diferente da história geral da Galiza, mas oferecia um ponto de vista novo que fornecia mais informações, esclarecia alguns elementos e formulava novas hipóteses a serem avaliadas pel@s historiador@s galeg@s. Por exemplo, o conceito da música galego-portuguesa na Idade Média, a continuidade musical nos denominados ‘Séculos Escuros’ que na música não são tais, a relação das antigas e novas elites na sociedade galega de início do século XIX, ou a análise do mito da guitarra ‘espanhola’ criado no último terço desse século, durante a etapa canovista do Reino da Espanha e os seus efeitos na sociedade galega que se detetam e mesmo incrementam durante o século XX, devido ao processo traumático do nacionalismo espanhol e a posterior convalescência atualmente ainda não superada. São processos históricos que a humilde guitarra consegue explicar desde a análise das suas evidências.
Leia o resto da entrevista aqui.
Entrevista no programa Grandes Vozes (Rádio Burela)
Sai a entrevista sobre A guitarra na Galiza realizada pela Beatriz Penedos dentro da seção Deixe Falar no programa Grandes Vozes do Nosso Mundo organizado e dirigido pelo Gabriel André.
Durante a entrevista ouvem-se as moinheiras para guitarra do Fundo Local de Música de Rianjo, do Fundo Pintos Fonseca do Museu da Ponte Vedra e do Fundo Valladares de Vilancosta.
Bate-papo Brasil-Galiza com Gilberto Cardoso dos Santos
Em 11 de setembro de 2020 o professor brasileiro Gilberto Cardoso dos Santos convidou-nos ao professor Xoán Lagares e a mim para participar num bate-papo virtual em volta do que na Galiza chamamos de Galego, que é mais uma variedade do português universal, a variedade primeira, origem da língua portuguesa. A conversa trata de diversos temas e serve para aprofundar no conhecimento que as pessoas dum e doutro lado do Atlântico temos sobre a nossa comunidade linguística e cultural.
Série de moinheiras nos fundos galegos para guitarra/viola
Estas quatro moinheiras, anónimas, escritas para guitarra foram descobertas em quatro fundos diferentes na Galiza. A primeira pertence à coleção do guitarrista pontevedrês Javier Pintos Fonseca (1869-1935), conservada no Museu da Ponte Vedra. A segunda está manuscrita no Caderno do Francês, assim chamado por conter uma boa coleção de canções para voz e guitarra sobre motivos da guerra contra os franceses (1808-1814). A terceira acha-se num método para guitarra anónimo da última década do s. XIX, dentro do Fundo Local de Música de Rianjo. E a quarta é a moinheira do fundo da família Valladares, que junto com as mais de trinta moinheiras para outros instrumentos constitui o conjunto destas danças galegas de maior amplitude dentro dos fundos galegos.
Mi lira (Minha lira) de Juan Parga Bahamonde (Ferrol, 1843 - Málaga, 1899)
Esta obra do virtuoso galego Juan Parga Bahamonde foi descoberta no fundo guitarrístico de Javier Pintos Fonseca, conservado no Museu da Ponte Vedra. Este vídeo foi gravado na primeira semana do mês de junho de 2020, durante o confinamento da Covid-19 em Santiago de Compostela (Galiza), e projetado no ato de defesa da tese "A guitarra na Galiza".
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